A Linguagem e o meu narciso

Postado em 07/08/2017 por Gilliane Correia Wichello.

Com informações de Escrito por: Pablo Lobo Ribeiro, acadêmico do curso de Letras/Inglês que participou do Intercâmbio Ibero-Americano (Argentina).

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Por volta de 190 dias atrás, um graduando de Letras/Inglês embarcava em umas de suas viagens.

 

Em meio às coxinhas, xerox’s, provas e trabalhos, um desejo se perpetuava, uma necessidade se ascendia e uma alma categórica se escondia. Dúvidas e decisões caminhavam juntas, como João e Maria, deixando sempre seus rastros, bons ou ruins, mas era necessário suportar António e esquecer fulano.

 

A dúvida de António era a decisão de fulano e, quando existiu a oportunidade para sair do país e viver imerso em outra cultura, fulano esqueceu. A Argentina sempre foi umas das primeiras opções e lá estava ela, Buenos Aires, me esperando, quentinha para me receber. A recepção foi calorosa, encheu-me os olhos de suor, caminhar era incrivelmente agradável, pelas ruas, avenidas, praças, faculdades, tudo era demasiado bonito. Principalmente o Castellano (termo utilizado pelos falantes da língua Española na América do Sul), na qual sua diferença para o Español é somente política, ou gramatical para alguns “expertos”.

 

Sobre os argentinos, estávamos errados, eles não são “ignorantes”, pelo contrário, apreciam a formalidade e a gratidão, amam os brasileiros, principalmente a Xuxa, e talvez seja essa a verdade por trás de Maradona ter sido melhor que Pelé. E no quesito futebol, somos igualmente apaixonados.

 

A Argentina, folheada por excelentes escritores, por exemplo, Borges e H.Quiroga, construíram juntos um hábito que marcou muito minha passagem, o hábito de ver, sempre que entrava em um coletivo, no mínimo 5 ou 7 pessoas lendo, muitos com jornais, livros ou tablet’s. Mediante a isso, criou-se em mim uma insatisfação positiva, uma cobrança maior pela leitura, na qual reflete muito hoje em dia.

 

A Argentina é mais verde que a bandeira do Brasil, tendo em vista as diversas praças, lindas e habitadas pelos seus legítimos donos, os cachorros, os mais educados que já conheci. E assim, os porteños saem do cansaço mental causado pela rotina, indo a uma praça, com seu cachorrinho e um livro, acompanhado de um bom mate.

 

Buenos Aires, cercada por rios e mar, mostrou toda sua insanidade e vontade, “uma gota sozinha não faria muito coisa”, mas uma população buscando seus direitos todos os dias, talvez sim. Transportes públicos de qualidade, passagens baratas, trens para outros estados, saúde pública de qualidade e EDUCAÇÃO GRATUITA fizeram de mim, mais otimista e motivado, mostrando-me que o desejo de viajar era uma necessidade da vida.

 

E hoje eu declaro a minha gratidão pela minha universidade (São Camilo), pela instituição que realizou esse sonho (Santander), pelos meus professores que despertaram em mim a minha vocação e, pela Argentina, que categorizou minhas metas e ambições.

 

Muchíssimas gracias,

 

Lobo, Pablo.