HABERMAS CRÍTICO DE KANT: A UNIVERSALIZAÇÃO COMO PONTO FRÁGIL NA ÉTICA KANTIANA
Resumo
Partindo do pressuposto de que Jürgen Habermas é um herdeiro e um crítico de Immanuel Kant, ressalta-se aqui a ética do discurso como uma alternativa à ética kantiana. A moral kantiana (Gesinnungsethik) é determinada por princípios universais e por um profundo sentimento de respeito pela dignidade da pessoa humana, buscando o fundamento da obrigação moral na vontade autônoma. O filósofo identifica o princípio da autonomia como único princípio da moralidade e afirma que o princípio da moralidade deve ser um imperativo categórico. Para estabelecer o que devemos fazer, devemos submeter nossa máxima a um teste de universalização. Tratando-se de dar conta do teste de universalização, faz-se necessário considerar o aspecto epistêmico da prioridade do justo sobre o bem. Habermas apresenta suas críticas à ética kantiana como Duplik à crítica que Hegel dirige a Kant. Mas, é preciso verificar se o conceito de universalização, que tem por função fundamentar e universalizar a norma moral, e que aparece como ponto fraco da ética kantiana, foi realmente resolvido por Habermas, em sua ética do discurso.