Acadêmicos participam do II Simpósio em Alfabetização

Postado em 26/11/2012 por Patrícia Barcelos.

Com informações de Professora Simone Machado de Athayde.

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Eu já sabia que as palavras possuem no corpo muitas oralidades remontadas e muitas significâncias remontadas. Eu queria então escovar as palavras para escutar o primeiro esgar de cada uma.

Para escutar os primeiros sons, mesmo que ainda bígrafos.

Comecei a fazer isso sentado em minha escrivaninha.

Passava horas inteiras, dias inteiros sentado no quarto, trancado, a escovar palavras.

 “Escova, I”, Manoel de Barros, 2003, p.7

           

Monteiro Lobato já nos dizia que “um país se faz com homens e livros” e o II Simpósio em Alfabetização sediado pelos acadêmicos do 2º Período de Pedagogia, revelou no arranjo de sua programação propostas de trabalho que  contribuem efetivamente no processo ensino/aprendizagem da alfabetização de  crianças que frequentam a Educação Infantil e o Primeiro ano do Ensino Fundamental de nove anos.

 

Como fora supracitado, uma das proposta de trabalho foi o momento da palestra proferida pela Coordenadora do Curso de Pedagogia, Cristina Lens, que trouxe em suas narrativas as nuanças do processo de intervenção e/na alfabetização, bem como a reflexão sobre a prática do letramento nas séries iniciais. Momento significativo, de grande aprendizado! Para a coordenadora/professora Cristina Lens, alfabetizar é: “valorizar as diferentes linguagens que perpassam o cotidiano da escola, é valorizar a criança que ali se faz presente.” Para Bakhtin (1992), a linguagem supões uma situação de troca social.

 

O II Simpósio em Alfabetização: O processo de intervenção pedagógica e/na alfabetização contou com a participação dos acadêmicos do Centro Universitário São Camilo e de profissionais da área de educação.

 

Era uma vez .... , declamação de poemas, cantigas de roda, trava – língua e dramatizações (repertório de literatura oral que circula entre as crianaçs),  foram propostas de trabalho muito bem representadas pelos acadêmicos. Tais propostas desafiam constantemente as crianças, pois são situações de aprendizagem que as possibilitam a refletirem sobre o seu próprio processo de construção de conhecimento, experimentando/exercitando a linguagem oral – falando, cantando, dramatizando. Adquirindo o que Fairclough denomina de consciência da linguagem. Se aprender a ler é aprender a ler o mundo, como já nos dizia Paulo Freire, as linguagens não-verbais podem ser instrumentos valiosos para ampliar a capacidade de leitura e compreensão do real. A linguagem é fonte de potência, que vive em função da expressão ou do silenciamento da sua linguagem; e que se expressa, não importando a forma escolhida, e se faz presente no mundo, nele deixando sua marca.

 

Para Benjamin (1993), a linguagem é a “casa” das ideias, é na e pela palavra que as ideias podem ser formuladas e comunicáveis a nós mesmos e ao outro. A realidade nos é apresentada pela linguagem, ela existe e expressa-se na língua, possibilitando-nos também conhecê-la e expressa-la, premissa revelada no decorrer do II Simpósio.

 

De acordo com Garcia (1996,), ao fragmentar as linguagens, a escola fragmenta a criança. Na verdade, o indivíduo não se expressa em partes; sempre que fala, vê, ouve, toca, cheira, degusta, utiliza todo o seu corpo, os sentidos, a razão, a emoção, a percepção, a intuição, mobilizando-se por inteiro.

 

A escola alfabetiza suas crianças em cores, sons, imagens, formas, movimentos e tantas linguagens quantas estivessem postas em seu mundo.  A criança escreveria não apenas com lápis, mas também, com pincéis, tintas, argilas, sons, corpo, e por que não, com vídeo, computador, televisão, cinema, como todas as crianças do chamado mundo civilizado, nosso modelo.

 

Diante dessas tessituras, pode-se concluir que: o potencial criativo se desenvolve, se manifesta quando são criadas condições, isto é, quando o meio ambiente possibilita e exige. É preciso pensar como Marx, que embora os sujeitos sejam determinados pelas circunstâncias, eles próprios têm a capacidade de mudá-las. Parabéns aos acadêmicos do 2º Período de Pedagogia e a professora Cristina Lens pelas belíssimas manifestações!

Com carinho,

Prof. Simone Machado de Athayde